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O paradoxo da Saúde no Brasil

O paradoxo da Saúde no Brasil: um passo adiante e dois para trás

No Dia Mundial da Saúde, a advogada Renata Vilhena Silva traz uma reflexão sobre a atual situação da saúde brasileira: “A vida ameaçada pela falta de medicamentos de alto custo para tratar a hepatite C, câncer ou simplesmente o desabastecimento de vacinas contra o H1N1, caxumba, hepatites A e B é uma realidade brasileira absurda.”

Por: Renata Vilhena Silva

O avanço da medicina permite que, todo ano, novas drogas sejam aprovadas e incorporadas ao tratamento de doenças. No início de 2015, a ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) aprovou o daclastavir, o simeprevir sódico e o sofosbuvir para os que têm a hepatite C crônica. A doença pode acarretar o câncer de fígado e esses medicamentos aumentam a chance de cura para mais de 90% dos casos, são administrados por via oral, por menos tempo (12 semanas) que o interferon e produzem poucos efeitos colaterais.

Estimativas mundiais indicam que cerca de 185 milhões de pessoas podem ter sido expostas ao vírus C (HCV). Segundo o Ministério da Saúde, 1,4 a 1,7 milhão de pessoas estão infectadas no Brasil, a maioria na faixa dos 45 anos ou mais. A hepatite C é silenciosa, os sintomas surgem em fases avançadas e muitos desconhecem o diagnóstico.

O Brasil é um dos únicos países em desenvolvimento no mundo que oferece prevenção, diagnóstico e tratamento universal para as hepatites virais em sistemas públicos e gratuitos de saúde… O País comandou a criação de um Dia Mundial de Luta Contra as Hepatites Virais no ano passado e lidera o movimento global de enfrentamento da doença”, afirma o Ministério da Saúde em seu portal. 

O que em tese é uma ótima notícia, se torna um paradoxo à medida que o custo desse tratamento pode chegar a R$ 546 mil por paciente, mesmo sendo financiado pelo SUS (Sistema Único de Saúde), e que o Brasil em crise não atende à demanda de distribuição. Esse dilema acaba na justiça, já que muitos pacientes têm de recorrer a ela para ter acesso aos remédios, que não estão no rol dos que são cobertos pelos planos de saúde. Se a ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar) autoriza a quimioterapia oral, por que razão não inclui os medicamentos para a hepatite? 

A vida ameaçada pela falta de medicamentos de alto custo para tratar a hepatite C, câncer ou simplesmente o desabastecimento de vacinas contra o H1N1, caxumba, hepatites A e B, e outras moléstias nas principais cidades do Estado de São Paulo, é uma realidade brasileira absurda, assim como é absurda a indicação de pessoas despreparadas para o Ministério da Saúde e sua gestão, prevalecendo o interesse político.

No dia Mundial da Saúde, cabe a pergunta: Como iremos cuidar da saúde, mesmo com os instrumentos, vacinas e medicamentos disponíveis no mercado, se os governantes estão doentes pelo poder e não conseguem enxergar nada além das cadeiras em que estão sentados? 



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